Minha mãe, toda a noite me fizeste
companhia nos sonhos que sonhei;
durante a noite inteira tu vieste
visitar-me e falaste e eu falei.
Já me não lembro do que me disseste
e não me lembro do que te contei.
Havia qualquer coisa de celeste
no teu modo e na voz que eu escutei.
E, quando de manhã eu escrevi
os sonhos que sonhei e que vivi,
apertou-se a garganta na emotiva
sensação de que ainda estavas perto.
Juro-te, mãe, que eu não sabia ao certo
se fora um sonho ou tu estavas viva.
Armando Pinheiro (Porto, 1922)
in “ A mãe na Poesia Portuguesa” uma antologia de Alberto Martins
Lido por Lourdes dos Anjos
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