sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O EUCALIPTO


O EUCALIPTO

Eu ardo à chama da vida
como a mata em combustão!
Foge-me a seiva perdido
por entre os dedos da mão…

Ai, posso tão pouco, afinal!
Que frágil ciclo, é medonho!...
Tudo é efémero, mortal,
na lama em que me enfronho!

Quisera ser eucalipto
entregue desfeito ao fogo;
com seu húmus na terra cripto
que o faz nascer de novo!

Cepa que insiste dorida,
rama verde e prateada;
árvore por tantos querida
e por muitos mais odiada!

Mas eu o amo! É tão belo
a abraçar-se com o vento!
E o seu perfume singelo
passa as barreiras do tempo.

Fénix sacrificada,
pudera eu ser assim,
da dor sair renovada,
morrer e nascer de mim!
Mas sou mais como o pinheiro
que se esvai e nada fica,
cinza que sobra ao braseiro
e que o vento erradica!

                             Maria de Lourdes Moreira Martins
in "Castelo de Legos"

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