Deite-te
o meu corpo como quem estende
um mapa
antes da viagem, para que nele
descobrisses
ilhas e paraísos e aí pousasses
os dedos
devagar, como fazem as aves
quando
encontram o verão. Se me tivesses
tocado,
ter-me-ia desmanchado nos teus braços
como uma
escarpa pronta a desabar, ou
uma
cidade do litoral a definhar nas ondas.
Mas,
afinal, foste tu que desenhaste mapas
nas
minhas mãos – tristes geografias,
labirintos
de razões improváveis, tão curtas
linhas
que a minha vida não teve tempo
senão
para pressentir-se. Por isso, guardo
dos teus
gestos apenas conjecturas, sombras,
muros e
regressos – nem sequer feridas
ou
ruínas. E, ainda assim, sem eu saber porquê,
as ondas
ameaçam o lago dos meus olhos.
Maria
José Parreira
lido
por Idiema
Sem comentários:
Enviar um comentário