TUDO É
FOI
Fecho os
olhos por instantes.
Abro os
olhos novamente.
Neste
abrir e fechar de olhos
já todo
o mundo é diferente.
Já outro
ar me rodeia;
outros
lábios o respiram;
outros
aléns se tingiram
de outro
Sol que os incendeia.
Outras
árvores se floriram;
outro
vento as despenteia;
outras
ondas invadiram
outros
recantos de areia.
Momento,
tempo esgotado,
fluidez
sem transparência.
Presença,
espectro da ausência,
cadáver
desenterrado.
Combustão
perene e fria.
Corpo
que a arder arrefece.
Incandescência
sombria.
Tudo é
foi. Nada acontece.
António
Gedeão
in “Poemas Escolhidos”
lido
por Maria Augusta da Silva Neves
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