sexta-feira, 24 de agosto de 2012

um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,




um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
 
acordarei entre os teus braços. a tua pele será talvez demasiado bela.
 
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
 
um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for
tão distante, quando o frio responder devagar como a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa janela. sim, catarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordei nos teus braços e não direi
nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar
a perfeição da felicidade. 

José Luís Peixoto
lido por Ana Maria Oliveira

Sem comentários:

Enviar um comentário