PRELÚDIO
Pela
estrada desce a noite
Mãe-Negra,
desce com ela…
Nem
buganvílias vermelhas,
nem
vestidinhos de folhos,
nem
brincadeiras de guizos,
nas suas
mãos apertadas.
Só duas
lágrimas grossas,
em duas
faces cansadas.
Mãe-Negra
tem voz de vento,
voz de
silêncio batendo
nas
folhas do cajueiro…
Tem voz
de noite, descendo,
de
mansinho, pela estrada…
Que é
feito desses meninos
que
gostava de embalar?...
Que é
feito desses meninos
que ela
ajudou a criar?...
Quem
ouve agora as histórias
que
costumava contar?...
Mãe-Negra
não sabe nada…
Mas aí
de quem sabe tudo,
como eu
sei tudo
Mãe-Negra!...
É que os
meninos cresceram,
e
esqueceram
as
histórias
que
costumavas contar…
Muitos
partiram pra longe,
quem
sabe se hão-de voltar!...
Só tu
ficaste esperando,
mãos
cruzadas no regaço,
bem
quieta bem calada.
É a tua
voz deste vento,
desta
saudade descendo,
de
mansinho pela estrada…
Marília
lido
por Lourdes dos Anjos
Sem comentários:
Enviar um comentário