sábado, 25 de agosto de 2012

PRELÚDIO


PRELÚDIO
 
Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra, desce com ela…
 
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos,
nas suas mãos apertadas.
 
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
 
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro…
Tem voz de noite, descendo,
de mansinho, pela estrada…
 
Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?...
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?...
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...
 
Mãe-Negra não sabe nada…
Mas aí de quem sabe tudo,
 
como eu sei tudo
Mãe-Negra!...
 
É que os meninos cresceram,
e esqueceram
as histórias
que costumavas contar…
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão-de voltar!...
 
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaço,
bem quieta bem calada.
 
É a tua voz deste vento,
desta saudade descendo,
de mansinho pela estrada…
 
Marília
lido por Lourdes dos Anjos

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