quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

AO ENTARDECER

José Cabello Ruiz
AO ENTARDECER

Lá além, muito ao longe, lentamente,
Tange o sino ao de leve, meigamente.
O fim do dia,
A volta ao lar,
A poesia
De paz, do repouso, de uma Avé-Maria
Orada ao redor da lareira!

O caldo já ferve…está forte a fogueira!

Lá além, muito ao longe, devagarinho,
Sibila o vento, muito calmo, de mansinho
A melodia da saudade.
Santa nostalgia
Que invade
Lá no alto, lá no cume,
A velha aldeia!

A mãe deita lenha ao lume…e mais azeite à candeia!

Lá além, muito ao longe e ao de leve,
Vem a Lua branca e linda.
Não se atreve
A iluminar o recanto
Em que a donzela
Vinda da fonte,
Louca e bela,
Por encanto, parou…e esperou.
Arfa o peito arquejante, dilacerado!

É já tarde…e demora o namorado!

Lá além, muito ao longe…
Tange o sino…
Sibila o vento…
Vem a Lua…e tu não vens!...

Miguel Leitão
in Em nome das palavras

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