sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

TELÚRICA VERTIGEM

Nunes Amaral
TELÚRICA VERTIGEM

Mergulho, subo ao fundo da loucura,
delta negro de lábios abrasados,
onde perco os meus olhos alongados
sobre as ondas felinas de água pura:

desgrenhamos a pele e a espessura
das águas com os dedos demorados:
o frémito dos corpos adunados
transborda de alegria, transfigura:

ofegantes, à sombra das estrelas,
os poros inebriam, sentinelas
do sangue amotinado, no quentume:

telúrica vertigem desvairada:
expande-se, extasia e cresce e brada
à beira de um vulcão de lava e lume.

Domingos da Mota
in Bolsa de Valores e Outros Poemas

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