sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Coração tripeiro…sempre

Joaquim António
Coração tripeiro…sempre

Tem o Porto um velho e cansado coração
Que se recolhe e adormece dentro do Bolhão
Ao anoitecer, esvaziam-se de vida as suas veias
Cada madrugada, a labuta é sangue com que ficam cheias
Nas barracas do mercado cruzam-se gerações
Apregoam-se sonhos. Compram-se ilusões.
A hortaliça fresca, o peixe “bibinho”
As flores, os cestos, o feijão fradinho
O queijo da Serra, o tremoço graúdo, o pica no chão
A broa d’Avintes feita como manda tradição
Os aventais, as algibeiras, o pregão que resiste
O cauteleiro, o Silva das rifas que persiste e insiste.
Mas, as vendedeiras ouradas e coloridas, ainda são
O grito de guerra e de vida do velho Bolhão.
Aqui, ecoam as melodias com sabor do Norte
- Oh freguesia, benha ber! Oh menina, dê-me sorte!
- Pela sua saudinha, benha-me estrear!
- Oh riqueza, olhe o meu! A gente vai-se ajeitar.
Para um povo capaz de fazer das tripas coração
Este será sempre um santuário de culto e oração
Um granítico símbolo mui nobre e sempre leal
É o Bolhão. Invicto e Imortal.

Maria de Loudes dos Anjos
in Nobre Povo

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