terça-feira, 28 de dezembro de 2010

GAIA JÁ CIDADE

José Gonzalez Collado
GAIA JÁ CIDADE

Gaia
cidade grande como um circo
imensa nas atitudes desafio
da memórias dos tempos de menino
que em era azul de sinfonia.

Das areias do rio ao areal do mar
dos milheirais em flor até ao monte
da avenida desfiada até à ponte
das varinas no seu apregoar.

Gaiata de Canidelo e Afurada
de chilenos em Avintes e Oliveira
no Areinho tinha sável e peixeira
e no Mosteiro a serra escarpada.

O jardim era um morro preferido
no coreto brilhavam os trompetes
no São Gonçalo soavam castanholas
no um de Abril ouviam-se foguetes.

Nas tabernas muitas vozes e bem altas
nos armazéns de vinho um cheiro acre
as pipas muito grandes pelas ruas
e carros de bois de rodas nuas.

Mas Gaia do entardecer pelo sol posto
ainda tem magia e sobressalto
palpita doutras vidas aqui dadas
e já nenhum campo lavrado cheira a mosto.

Feita de mil cores, mil desejos
sem vielas e calçadas percorridas
inchadas de promessas não cumpridas
cidade de crianças e de velhos.

Fernando Morais
in "Voltar a Gaia"

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