terça-feira, 28 de dezembro de 2010

ESPELHOS

Carlos Dugos
ESPELHOS

Tudo isso não é querer de mais
nem de menos sequer: é querer tanto
que o espelho quando mostra os sinais
e revela a nudez sem qualquer manto

reverbera que sendo quase iguais
o que exibe é de outro que entretanto
percorreu os caminhos naturais
despojado que foi do ar de espanto

de quando transbordava de vigor
a prumo mais erecto do que um pau
de bandeira a subir e a transpor
o fogo das artérias: só é mau

que os espelhos devassem o desgaste
e foquem a nudez a meia haste

Domingos da Mota
in "Bolsa de Valores e Outros Poemas"

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