PAULO BYRON
CONTAGIOSA
Somos todos dementes contagiosos
a furar vidas, a comer chocolate
fazemos filhos para alimentar a morte
e os quartéis, nos Invernos ociosos
rebolamo-nos na praia enregelada
para limpar o crude colado à pele
deixamos morrer os peixes e as aves
temos sono e fome e vergonha e riso
ultrapassamos os outros numa fila
para não sermos os últimos e rimo-nos
afogados em dívidas aos bancos, toda a vida,
e tememos e trememos a cera que fazemos
o pavio de vela só arde às segundas
cá em Gaia é assim, no Porto é às terças
fundas são as marcas na pele ressequida
a garrafa partida e a mesa descaída
são estes os avanços da nossa ideologia
somos todos dementes e contagiosos
nas nossas doenças, caímos aos montes
por Invernos fora e Primaveras dentro…
Fernando Morais
in "Ao Povo do Mundo"
lido por Lourdes dos Anjos
Sem comentários:
Enviar um comentário