Álvaro Marques
CANÇÃONão é só pranto uma canção assim,
a fantasia a cobre de outros ais,
nem sei se chora a dor (e ai de mim)
que a sinto embriagada por demais
em lautas cavalgadas noite afora
no dorso da volúpia sibilina,
e cujo barco à vela não tem hora
mesmo quando navega à bolina
Não é de pranto ou fado ou desamor
o que paira nos ares, tal o vibrato
que surde com as ondas de calor
e aguça os sentidos pelo facto
de expandir os sons inebriantes
que celebram os corpos dos amantes.
Domingos da Mota
in Bolsa de Valores e Outros Poemas
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