Francisco Simões
A NOITE Perpassa, rasga a noite siderante
um ar de desvario cego, vário,
em busca do acaso incendiário,
no dorso da loucura delirante,
em busca do vazio, o chão errante
à beira do abismo solidário,
em busca, eu sei lá, do santuário
aceso do pecado inebriante,
em busca do queimor, dessa fogueira
que sobe, sobe a prumo, nos abeira
da febre galopante da paixão:
perpassa, morde a pele: e até a lua,
fremente como o sol, se perde e estua
nos braços alongados do verão.
Domingos da Mota
in Bolsa de Valores e Outros Poemas
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