sábado, 1 de outubro de 2011

ATÉ AO FIM


ATÉ AO FIM

Mas é assim o poema: construído devagar
palavra a palavra, e mesmo verso a verso
até ao fim. O que não sei é
como acabá-lo; ou, até, se
o poema quer acabar. Então, peço-te ajuda:
puxo o teu corpo
para o meio dele, deito-o na cama
da estrofe, dispo-o de frases
e, de adjectivos até te ver,
tu,
o mais nu dos pronomes. Ficamos
assim. Para trás, palavras e versos,
e tudo o que
não é preciso dizer:
eu e tu, chamando o amor
para que o poema acabe.

                             Nuno Júdice
                           de Pedro, Lembrando Inês
                           Publicações Dom Quixote
in “Diga Trinta e Três – os poetas das quintas de leitura”
lido por Ana Pamplona

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