sexta-feira, 21 de outubro de 2011

RENASCER ABRIL


RENASCER ABRIL

Era Abril, Abril, Abril em Portugal!
E o meu País tornou-se universal!
Quebraram-se as correntes das prisões
e ergueram-se bem altas as
razões que jaziam no tempo aniquiladas!
As almas que viviam amordaçadas
libertaram-se das garras do algoz
e, orgulhosamente, não mais ficámos sós!

Foi dupla primavera a ressurgir!
milhares de cravos rubros a florir
depois de longa e triste letargia…
nas nossas mãos trementes de alegria
segurámos inteira a liberdade!
E gozámos até à insanidade
essa coisa tão doce, para nós remota,
como era para um cão, preso à casota!

Entoava-se “Grândola Vila Morena”…
E cresceu a terra que era pequena…
Foi árvore que gerou densa raiz,
e espalhou-se em força no País!
Era o sinal mais caro, mais premente,
como a dar a luz ao cego indigente!
E o Zeca cantava a toda a hora
a expandir-se pela Europa fora!

Hoje o verde pinho arde na serra;
findou o pacto do povo cá na terra
com a pujança fantástica da tropa,
que ajudou a levar-nos prá Europa;
ergueram pontes, estradas, esperança…
mas foi-se o elo dessa aliança
e o ideal maior do nosso Abril
vai fenecendo sob o céu de anil!

Olhando além o voo das gaivotas
que pairam sobre as nuvens ignotas,
eu quedo-me inquieta a cismar:
Se nós outrora vencemos tanto mar…
que essa mesma coragem se repita!
Tem fome nossa pátria, necessita
de novo Abril, morra a corrupção!
Vamos banir esse cancro da nação!

Tomemos pela mão a lusa sorte
buscando novamente o velho norte!
Se a ganância que impera é voraz
o povo quando unido é eficaz!
Para que Portugal se robusteça,
sejamos donos de tudo que aconteça!
Há sempre primavera após Inverno,
assim Abril renasça e seja eterno!
         
Maria de Lourdes Martins

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