PRAÇA DE SANTO DOMINGO, MADRID
Há um rumo entre o néon das viagens Zeppelin
e o cheiro desarrumado
do negócio indiano de alimentares
açudes, trincheiras, crepúsculos
crescem ao longo do caminho principal
fossos de areia na respiração de quem dorme
a sorte assinala com tinta uma praga nas folhas moles
avalanches varrem os nomes
por qualquer razão no meio daquele descampado
espinheiros, urzes, lentiscos, giestas e mirtos
se havia ali alguma coisa
ao cuidado de quem continuarmos vivos
na primavera de 1569
Santa Teresa pernoitou na praça
hoje só lá se passa
para os saldos de Madrid
José Tolentino Mendonça
in "A Noite Abre Meus Olhos"
lido por Sofia Santos
Sem comentários:
Enviar um comentário