NATUREZA MORTA
- Onde bebem os pardais?
Na terra tão ressequida
Já não desponta a vida.
A semente não germina
E a desolação predomina
Nos campos e nos pinhais!
Um pardal eu vi pousar
Numa folha a debicar,
Mas nem o orvalho da manhã
Que é precioso talismã,
O seu bico vi molhar.
Mesmo uma ervinha verde
Já vai murchando com sede!
Do céu, nem uma gota cai
E julgo que ouvi um ai,
Do coração da terra-mãe!
A árvore luxuriante
É já estrela cadente,
Que o incêndio devastou!
A chispa que deflagrou,
A labareda enlouquecida,
Destruiu toda a vida
E tudo em cinza tornou!
O braseiro assustador,
A tragédia e o clamor,
Os pobres seres violados,
Pelo fumo encurralados,
Agora jazem calcinados.
- Onde bebem os pardais?
Maria Irene Costa
in “ Teia de afectos”
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