Teria onze anos, aquele menino.
Era alto, magro, franzino.
A professora jovem contou uma história,
Que logo o miúdo fixou na memória.
Era uma vez um rato e um leão…
Parece-me que também entrava um cão…
O menino ouvia pasmado,
Ficando absorto por um bom bocado.
A composição vinha no final.
A turma toda não escrevia mal.
O desenho foi o pior:
- Olha que o leão é bem maior!
Todos se afadigavam
E o desenho pintavam.
Riam, piscando o olho ao menino,
Que era alto, magro, franzino…
A professora estava admirada,
Pela hilaridade que o desenho causara.
Devagarinho, deu a volta à sala
E quedou-se absorta, remexendo na mala.
Muito sossegada,
Mandou-os ao recreio,
Guardando no peito
O seu estranho receio:
O Pereirinha, sem qualquer nexo,
Desenhara o leão
E pusera-lhe um sexo!
Maria Irene Costa
In “ O livro da Nena”
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