sexta-feira, 29 de abril de 2011

HINO AO ASNO

HINO AO ASNO

Eu canto o Asno!

Se o concepcionismo crítico
De certo político
Se tivesse hostilmente ocupado
- Devotado –
Da personalidade do Asno,
Não haja dúvida de que este país
Embaideirava em arco…

Eu canto o Asno,
Irmão do burro
Casmurro,
Mas paciente.

- Burro? Inteligente!

Que ganha um Poeta
Que em rima vã de pateta
Se esforça, a versejar,
Tecendo louvores
A burros e doutores?
Que importa que a vaidade,
O egoísmo ou a caridade,
Consagre o Homem?

- A meu lado eles não comem…

Eu canto o Asno,
O burro, igual a gente,
Porque mama, dá ao dente,
A tudo assiste impávido
E que, de tanto comer,
Parece ficar grávido.

Tem músculos, é forte,
Desde a nascença até à morte
Com nada se atrapalha.

O tempo…
Gasta-o a comer palha!…

É casmurro?
- Não. É burro!...

Quando qualquer político
- Amostra ou raquítico –
Arrecada um grão de glória
Porque o nome mete na História,
Ponham-lhe aos pés esta legenda:
- Discípulo do ASNO.
Que ninguém a emenda…

O burro
Merece bem um centenário,
Uma estátua, um relicário,
Um panteão,
Uma oração.
Que os sábios do amanhã
Reconheçam o seu trabalho
Com afã,
Justiça e Verdade,
Pois o burro,
Discípulo do Asno,
Trabalha a bem da comunidade!

Deixo-vos este testemunho
Sendo verdade que um burro
É doutor, se carregado de livros,
Como a uma alimária que sei
- Cujo nome não direi,
P’ra que não ouçais tremendo urro –
Apenas falta um ano
Para que seja burro…

Aceitai a minha impertinência,
E de voz baixa,
Porque temo esturro,
Longe de mim a maledicência:

- Ao princípio tudo era burro,
E agora…
O ASNO fez-se ciência!

Manoel do Marco

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