À feiticeira luz desta manhã
reboca a macho o carro bem pejado
com a hortaliça túrgida e louça
que vem do campo e vai para o mercado…
Rico motivo, este operoso afã
do pobre animalejo carregado,
para a palete verdadeira e sã
dum bom pintor da aldeia enamorado…
De súbito uma roda salta e gira
calçada abaixo, vira-que-revira,
fazendo erguer na rua alto arranzel;
e as couves tombam, verdes na ladeira,
com desespero vão da hortaliceira,
fazem da rua um húmido vergel…
Oliveira Guerra
in “Coisa desta Negra Vida”
lido por Eduardo Roseira
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