Minha alma: não temas a ninguém.
Palpitam medos sob a tarde mansa?
Abre as asas do sonho e da esperança
E voa para além, mais para além!
O caminho dos poetas é infinito.
O país do seu espírito? O Universo.
É mais inteiro, quanto mais disperso
Em turbilhões de gritos, o seu grito!
Minha alma: não temas a ninguém.
Bocejam tédios sob a tarde calma?
Abre as asas da fé, oh minha alma,
E voa para além, mas para além!
A presença dos poetas é a distância.
A verdade dos poetas é a miragem.
A paisagem dos poetas é a paisagem
De mil abismos a florir em ânsia!
Minha alma: não temas a ninguém.
Desdobra-se a planície à tua volta?
Abre as asas do amor e voa à solta
Para além, cada vez mais para além!
O coração dos poetas não tem fundo.
Deita-se amor e pede mais amor;
Deita-se dor a gasta a própria dor;
Deita-se o mundo e não lhe chega o mundo!
Amândio Vasconcelos
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