sexta-feira, 22 de julho de 2011

AGITADOR


AGITADOR

Nesse tempo oferecíamos sonhos ao domicílio
Tocávamos harpa nos labirintos da vila
Dedilhando com amor as caixas do correio

O ar aparafusava a nossa emoção
Em distintos silvos de comboio
E a amizade toda de mão na mão
Nesse tempo encarava a vida sem desdém
Desfolhava os panfletos em papel de seda
Vestidos de arco-íris e esperança.

O homem que punha a liberdade nas caixas do correio
Era o anjo nocturno da cidade
era o tempo do rio nos lavar a cara
nas auréolas do sono e da luta

já não tínhamos medo porque tínhamos razão
acordávamos nos outros uma ideia nobre
de revolução.

Fernando Morais

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