Calo-me, sim, mas fica no meu peito
a mágoa obscura, de olhos verdejantes
e de sorriso triste, liquifeito,
como o das algas verdes e onduladas…
Calo-me, sim, mas fica em mim o jeito
de errar no mundo como sombra dantes
e de sentir no ouvido o som desfeito
de vagas que morreram, sussurrantes…
Calo-me, sim, mas fica a luz de neve,
luzindo nos meus olhos, onde esteve
o sol dos trigos, vivo e redoirado…
Calo-me, sim, e irei pelas herdades
beber nas fontes negras das saudades,
matar a sede em águas do Passado…
Oliveira Guerra
in "Algemas"
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