sentir a natureza 1972-2010
dentro da inocência de criança crente
dizia-lhe num beijo: como tu és bela!
era a minha amiga e leal confidente
de todas a mais nobre, a mais singela.
contava-lhe os meus sonhos, os meus medos
daqueles pesadelos que me atormentavam
e sentia as verdes folhas serem dedos
que docemente me acariciavam
sabia compreender como ninguém
a alma de uma criança assustada
dizia-me, no seu silêncio, ser alguém
que precisava, como eu, de ser amada
mas num dia triste e cinzento chegou
aquela máquina que da terra arrancou
a sua vida. raiz, tronco, braços, dedos.
nada ficou. somente os meus medos.
painel multicor, volume II, 2004
Teresa Gonçalves
in “PLENO VERBO”
lido por Emília Costa
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