ESTADO DE ALMA
Gaivotas de Portugal,
quantos adeus me dizeis!
Já me parece anormal
prender-me a frágeis anéis".
Gaivotas, pudesse eu ir
convosco pelo céu fora,
quem sabe, se a descobrir,
o que já não tenho agora.
O tempo tudo me leva
e como pedir-lhe a conta?
Coas horas triste me cega,
coas boas, de pouca monta,
dá-me alguma ilusão...
Outras, duras como a morte,
que me turvam a razão
e me fazem perder o norte!
Gaivotas, ai esse grito,
que às vezes nos seus soltais
tem um som tão aflito!...
Tão semelhantes aos meus ais,
que me deixa perguntando:
- o que há de comum em nós?
A dor que vai massacrando
dói tanto em mim como em vós?
Ai gaivotas, voai... voai...
eu quero ver-vos pairando,
meu triste olhar consolai
porque não sei até quando!
Ó gaivotas do meu país,
bordando este céu d'anil!
Vos deixo a minha raiz
e os meus cravos de Abril!
Maio.2011
Maria de Lourdes Martins
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