ELEGIA EM DÓ MENOR
Não procuro dos outros o que tenho,
mas ainda procuro o que me falta
e se sei onde estou e donde venho
(morri no hospital e deram-me alta),
não irei carregar mais o sobrolho,
pôr no prego um verso já maduro
e gastar tanta cera com o olho
que acenda um pavio no escuro
Não minto se disser que além do fogo
são as cinzas que ferram as canelas
e quando os sentir no corpo todo
serei filho do pó e das estrelas
E apesar de escutar os violinos
não darei mais badalos para os sinos
Domingos da Mota
in Bolsa de Valores e Outros Poemas
Errata:
ResponderEliminarNo 1.º verso, onde se lê, "Não procura dos outros o que tenho", deve ler-se, "Não procuro dos outros o que tenho".
Obrigado pela publicação, e pela correcção, se possível.