Quero sair desta pele
que me reveste
e arrancar-me da ossatura
que me prende.
Quero ser rude, ignóbil
e agreste
penhasco imenso, por onde
o eco se estende.
Quero descer ao alçapão
das negras fragas
dinamitar os filamentos
do Infinito
evocar aos deuses
novamente as sete pragas
e amordaçar todo o
silêncio, com um grito.
Quero decapitar, a ilusão
e toda a esperança
numa pira, fazer arder
todos os sonhos
Quero a má índole
o irascível e a ganância
o putrefato e os vermes
dos escolhos
Quero não ver, no sol
a claridade
mas um obscuro
e labiríntico dia-a-dia
apunhalar mais de mil vezes
a saudade
e fazer jorrar de sangue
a poesia!
Kim Berlusa
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