quinta-feira, 30 de junho de 2011

A MESMA CIDADE VISTA POR LEONOR


A MESMA CIDADE VISTA POR LEONOR

Frescura água fonte primavera musical arvoredo
Pequeníssimas flores que ninguém plantou
Estrebuchando na brisa cânticos de nuvem
Quando rio sereno desaguou

Que dizem as folhas ao que fala vento
Que não possa dizer-se gritar-se cantando
Repetir-se no eco pelo musgo e a salsa
Entre cheiros de resina e poentes ocasos

Que dizem as folhas mais que outra verdade
Ao fazer amor no meio dos campos
Observados por gritos que assistem contentes
E nos levam suspiros pelos buracos da terra

Onde estão as casas, onde estão as vivendas
De janelas gradeadas confissões de grandeza
Isso é a outra cidade que se não confessa
Isso é outra gente que muitíssimo preza
O seu poderio de fraqueza na mente

Fernando Morais
in "A Cidade Ocupada pela Poesia"

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