A MESMA CIDADE VISTA POR LEONOR
Frescura água fonte primavera musical arvoredo
Pequeníssimas flores que ninguém plantou
Estrebuchando na brisa cânticos de nuvem
Quando rio sereno desaguou
Que dizem as folhas ao que fala vento
Que não possa dizer-se gritar-se cantando
Repetir-se no eco pelo musgo e a salsa
Entre cheiros de resina e poentes ocasos
Que dizem as folhas mais que outra verdade
Ao fazer amor no meio dos campos
Observados por gritos que assistem contentes
E nos levam suspiros pelos buracos da terra
Onde estão as casas, onde estão as vivendas
De janelas gradeadas confissões de grandeza
Isso é a outra cidade que se não confessa
Isso é outra gente que muitíssimo preza
O seu poderio de fraqueza na mente
Fernando Morais
in "A Cidade Ocupada pela Poesia"
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