VISITANTE NOTURNO
Entra o luar na minha casa à noite
como entra, silencioso, nas demais.
Oh! meu poeta, diz-me onde é que doi-te
pois chegas sempre triste e triste vais.
Porque andas branco? Há sempre quem te acoite
com a alma inteira e braços e braços fraternais,
e ninguém há no mundo que se afoite
a por-te fora. Quando queres, tu sais…
Dize o que tens, oh! meu irmão vadio,
oh! vagabundo imenso, irmão do frio,
oh! habitante de desertas salas.
Dize o tens, se podes tu dizer-m’o
pois ele há mágoas que não têm termo
e às vezes não há termos p´ra contá-lás…
Oliveira Guerra
in Algemas
Sem comentários:
Enviar um comentário